terça-feira, 27 de setembro de 2016

Entrevista com o GEDAI

ASTRONOMIA: DA ESCOLA PARA A VIDA

“A ciência é muito importante. Ela está ligada ao desenvolvimento tecnológico do país e, principalmente, ao pensamento crítico das pessoas.” (Leonardo Gabriel Diniz)

Leonardo Diniz,  Maira Moraes, Larissa Santana, Gleice Rodrigues e Sidney Maia

O professor Dr. Leonardo Gabriel Diniz concedeu uma entrevista às alunas do curso de Letras do  CEFET- MG, Ana Valéria Proença, Gleice Rodrigues, Larissa Santana e Maira Moraes, para a realização de um trabalho da disciplina Oficina de Leitura e Produção de Textos II. Nela, Leonardo conta como surgiu o GEDAI, a sua relação com a comunidade em geral e com o meio ambiente, como funciona o intercâmbio com outras escolas e o que ele imagina para o futuro.

Confira a entrevista completa:

Como surgiu o desejo de divulgar a astronomia, não apenas para os alunos, mas para a comunidade em geral?
Em 2009 foi comemorado o ano internacional da astronomia porque 400 anos atrás (em 1609) Galileu apontou o telescópio para o céu e fez várias descobertas. Nesse ano o Governo Federal lançou um edital para escolas federais com uma verba de 30 mil para quem desenvolvesse projetos de divulgação científica e de ensino de astronomia. O edital apareceu no CEFET-MG, no campus  Timóteo, onde eu era professor de física. Nós topamos o desafio de escrever o projeto que para nossa sorte foi contemplado com um telescópio computadorizado no valor 30 mil.

Como começou o GEDAI?
Tudo começou com o “Astronomia do Vale do Aço” em 2009. Em 2014, eu vim para Belo Horizonte. Nasce a ideia do GEDAI que no início era um grupo de BH. Eu e o prof. Sidney Maia fomos montando o grupo. A gente descobriu que tinha um professor em Contagem que era doutor em astrofísica, então ele passa a participar com a gente. Nesse mesmo ano a criamos um curso para professores. Esse curso se chama “Astronomia Primeiros Passos”. A gente ensina professores da rede pública a usar o telescópio para observar o céu.

O Edital era da própria entidade ou do governo?
É um edital do Governo Federal. Qualquer escola federal poderia escrever um projeto. A comissão ligada a esse edital selecionou os melhores que foram contemplados com essa verba. Isso foi o nascimento do projeto que existe até hoje, o “Astronomia No Vale do Aço”, que continua com outro professor coordenando, prof. Weber. Esse foi o primeiro projeto de astronomia do CEFET- MG do qual eu tenho conhecimento.

O nome do projeto é bastante criativo, pois lembra os personagens “Jedis” dos filmes “Guerra nas Estrelas.” Qual foi a história por trás da criação desse nome?
Na verdade, esse nome não foi por acaso. O nosso GEDAI se escreve de maneira diferente. Ele não é com “J” como o da série, mas o som é igual. O professor Sidney Maia Araújo (também conhecido como Sidão) foi responsável pela sua criação. Eu e ele tivemos a ideia de criar um grupo e, dessa forma, fomos formando a sigla do Grupo de Estudo e Divulgação da Astronomia e acabou ficando “GEDA”. Queríamos botar o i para ficar “GEDAI”, fomos tentando, mas "forçava muito a barra”. Então, lembramos o fato de eu ter vindo de Timóteo e de lá haver um grupo forte de astronomia. O nome nasceu dessa paixão por ficção científica (muito mais do Sidão do que minha) e ao mesmo tempo dessa questão intercampi de eu ter vindo do interior e ter essa ideia de interagir com todas as unidades.

Você acredita que filmes de ficção científica podem influenciar o jovem a gostar de astronomia?
Acredito que sim. Muita coisa que acontece hoje foi ficção científica no passado. Mas às vezes o menino gosta muito, mas fica só na ficção científica e se esquece de estudar as leis de Newton na escola. Então muitas vezes não percebe que para ser um cientista ele tem um longo caminho estudando matemática e física.  

Qual é o objetivo de levar esse conhecimento para a comunidade?
A ciência é muito importante. Ela está ligada ao desenvolvimento tecnológico do país e, principalmente, ao pensamento crítico das pessoas. Temos uma carência muito grande de jovens na área cientifica. Acreditamos que a astronomia tem um grande poder atrativo para despertar um interesse maior em relação à aprendizagem. Investimos muito em parcerias com professores das escolas públicas nos cursos de astronomia do GEDAI. Além da comunidade em geral, nós procuramos interagir, nas escolas públicas, com professores que desenvolvem projetos. Em relação a comunidade em geral, mesmo que a pessoa não se torne cientista ou trabalhe com ciência, ela tem a oportunidade de conhecer o universo, isso também é um objetivo muito interessante.

Como é feito o intercambio com as outras unidades do CEFET e com as outras escolas?
Todo ano temos um encontro, a "Jornada de Astronomia GEDAI", que em cada ano acontece em uma unidade diferente. Ano passado aconteceu o primeiro, em Timóteo, e esse ano será em Curvelo. A ideia é juntar todos os grupos de todas as unidades e a comunidade local com palestras e trocas de experiências. Durante o ano o contato é mais virtual, mas todo ano temos um encontro onde podemos trocar experiências pessoalmente. Esse ano a gente teve um evento no dia 27 de agosto, uma conjunção dos planetas Vênus e Júpiter e combinamos de cada equipe, no mesmo horário, registrar o fenômeno. A gente conseguiu fazer essa atividade coletiva. Em relação à parceria com outras instituições, trabalhamos muito com eventos públicos e também atendemos escolas públicas. Naturalmente temos professores que trabalham com astronomia nas escolas estaduais e municipais e que buscam nosso apoio e assim criamos um vínculo um pouco maior com os professores que se engajam nessa questão. Vamos a escola desse professor, eles vêem até a gente ou desenvolvem um projeto de ensino de astronomia e “trocamos figurinhas”. Por exemplo, o grupo de Timóteo tem atendimento às escolas. Em Belo Horizonte, pelo terceiro ano seguido, realizamos um curso para professores, viramos parceiros deles.

Qual a metodologia usada por vocês nas atividades públicas do GEDAI?
A metodologia usada normalmente é uma palestra, mas sempre tentamos unir com a observação. Normalmente, em toda palestra levamos telescópios que, para mim, é a parte mais importante.

Qual a relação da astronomia com o meio ambiente?
Muitas das nossas atividades de observação são feitas no “Parque Estadual da Serra do Rola Moça”. Então, naturalmente, tem o respeito ao meio ambiente. O nosso grupo tenta integrar a astronomia com o meio ambiente. Quando trazemos essas questões ambientais em relação ao nosso planeta, quando ampliamos o olhar através da astronomia e olhamos como estamos cuidando do nosso planeta tocamos bastante as pessoas. O “Astronomia na Serra do Rola Moça” atende ao público em geral e tem palestras sobre educação ambiental/astronomia seguidas de observação.

O que se pretende futuramente com esse projeto?
Eu ainda não parei para pensar sobre isso. Eu imagino que os próximos passos sejam fortalecer esses grupos existentes nas várias unidades do CEFET-MG e consolidar os mais novos. Com o crescimento desse grupo acreditamos que mais unidades possam ser estimuladas, essa seria uma meta. Outra meta é colocar a pesquisa junto com a extensão, porque estamos levando ensino de astronomia e estamos em contato direto com as escolas.

3 comentários:

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  2. Parabéns professores e alunos. Excelente trabalho. O objetivo de levar o conhecimento tecnológico a comunidade é um grande incentivo a educação e entretenimento.

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  3. Excelente trabalho! Gostei do nome do projeto e o incentivo dos professores e do trabalho dos alunos do curso de letras pela entrevista.Parabéns.

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